Antes de falarmos sobre depressão e dicas para diminuir os sintomas, é importante deixar algo claro. Quem está escrevendo o texto, neste momento, já passou por um momento muito difícil de depressão e crise de pânico. Outras pessoas do projeto Agradecer, também.
Dito isto, a ideia aqui é encontrar caminhos para diminuir (em alguns casos até mesmo curar) os sintomas da depressão, tendo sempre em mente que depressão é uma doença, não um momento de fraqueza ou “falta de vontade”. Então, sempre que possível busque ajuda profissional/terapêutica para passar por esse momento, tendo certeza de uma coisa: ele vai passar.
Lembre-se todos os dias que você não é os seus momentos de dor e sofrimento, você apenas está assim. Em um dia chuvoso e cheio de nuvens escuras, o sol ainda está lá. No momento que as nuvens vão embora, o sol aparece e volta a brilhar novamente.
O que você vai ler:
Você também vai amanhecer. Acredite.
1. Reconheça a depressão
A querida monja Robina Courtin usa uma metáfora muito interessante para falar sobre as nossas emoções e traumas. Imagine agora que você está entrando em uma grande botânica, com inúmeras plantas e de todos os tipos.
A primeira impressão é: “Uau, quantas plantas e flores diferentes!”! Você saberia dizer onde está cada flor? Ou até mesmo, saberia dizer qual o cheiro de cada uma e distinguir entre tantas variedades?
Pense um pouco sobre isso, pense sobre a similaridade dessa grande botânica com a nossa mente, e consequentemente, com a depressão.
Quando não reconhecemos e identificamos nossas emoções e sentimentos, ficamos perdidos, da mesma forma que ficaríamos entrando nessa grande botânica. O trabalho de etiquetar cada uma das plantas e flores – até mesmo as que foram machucadas, é o princípio da cura.
Reconhecer é iniciar o processo de curar os machucados e aprender a conviver com eles. Ao reconhecer, e até mesmo entrar em lugares de dor, começamos a interromper a identificação com essa possível causa da depressão. E assim, começamos a entender que essas plantas machucadas são parte da nossa botânica da mente, mas elas não são “A botânica” em si.
Lembrando mais uma vez, esse processo de reconhecimento é aconselhável que seja feito junto com um profissional de psicoterapia ou psicanálise. É importante ter suporte nesse momento.
Recapitulando:
- Veja sua mente como uma grande botânica
- Comece a etiquetar/reconhecer as emoções
- Reconheça os momentos difíceis e a depressão
- Utilize ajuda de psicoterapia/psicanálise nesse processo
2. Tenha uma rotina Anti-Ansiedade
Uma rotina Anti-Ansiedade é um passo muito importante para diminuir os sintomas da depressão.
Para quem já teve ou está com depressão neste momento, sabemos que tem coisas que não podemos controlar. Principalmente quando essa depressão é resultado de um trauma. Tem muitas coisas que, infelizmente, são involuntárias.
Muitas delas, inclusive, precisam de ajuda profissional e/ou médica para tratar, como já falamos no começo do artigo.
Mas, tem algumas coisas que podemos fazer de forma intencional, como prioridades na nossa vida e que nos ajudarão a diminuir os sintomas da depressão.
- Dormir bem é o seu melhor aliado: dormir bem é um dos maiores aliados na diminuição da ansiedade. Apenas uma noite mal dormida pode causar um dia com mais ansiedade e consequentemente, com mais ênfase nos sintomas da depressão. Priorize seu sono e veja como dormir bem vai diminuir consideravelmente a ansiedade.
- Medite regularmente: a meditação é uma das ferramentas mais poderosas para diminuir os sintomas da depressão, inclusive cientificamente comprovada. Para quem não está acostumado, meditar pode ser um pouco difícil no início, mas vale a pena aprender como meditar e praticar diariamente. O resultado é perceptível em poucos dias.
- Alimente-se de forma saudável: acredite, o consumo elevado de açúcares, frituras e outros alimentos inflamatórios fazem a ansiedade aumentar. Coloque na sua rotina anti-ansiedade alimentos saudáveis, leves e com baixo nível inflamatório. Isso acontece pois alguns alimentos ricos em açúcar e/ou gorduras ruins elevam os níveis de inflamação do corpo, e essa inflamação causa ansiedade.
- Faça exercício físico regular: um incrível regulador de ansiedade é o exercício físico regular. E olhe, não estou sugerindo aqui correr uma maratona não, tudo bem? Pode ser algo bem leve, como uma caminhada de 30min ou uma corrida alternando com caminhada. Lembre-se, ao exercitar-se, seu corpo libera hormônios da “felicidade” como endorfina, serotonina e outros que regulam e diminuem a ansiedade.
- Tome sol intencionalmente: o sol é um poderoso aliado e amigo “anti-ansiedade”. A exposição moderada ao sol produz diversos benefícios ao nosso corpo, entre eles a produção de vitamina D. É essa queridinha, a vitamina D, que irá, entre outras coisas, aumentar nossa imunidade. E com isso, diminuir a ansiedade.
Ainda assim, se algumas dessas coisas dessa lista, como priorizar o sono (sabemos que a depressão pode atrapalhar e muito a qualidade do sono) ou fazer exercício físico não for algo tão simples assim para você, não sinta-se mal.
Lembre-se: baby steps. Cada 1% melhor é uma vitória. Não precisa acelerar o passo, tome o seu tempo, do seu jeito.
3. Faça acordos de paz
Esse ponto é muito especial, e muito sensível também. Os acordos de paz, ou o termo “acordo de paz” é muito comum no contexto de guerras e relações entre países. Em muitos casos, os países não se tornam amigos ou parceiros, porém, há um acordo de paz entre eles, uma coexistência.
De forma similar, ao lidar com alguns machucados e traumas – que muitas vezes são as causas da nossa depressão, chegamos a um ponto difícil:
“Já consegui reconhecer e acessar esse momento de dor mas não consigo perdoar. Não consigo, também, me perdoar”.
A mágoa e a culpa, infelizmente, costumam andar de mãos dadas. Se você sente-se assim hoje, ou já sentiu-se assim antes, tire um tempo para examinar a si mesmo e pensar sobre isso:
“Por quê, muitas vezes, somos o nosso pior carrasco?”
Não é difícil de entender que o processo de perdoar alguém ou alguma situação que nos machucou é algo complexo. Mas, infelizmente, trazemos essa dificuldade e complexidade para nós mesmos. Somos duros com nós mesmos e às vezes até nos colocamos toda a culpa por estarmos com depressão.
O primeiro convite a te fazer é: faça as pazes com você.
De verdade, perdoar-se é a melhor coisa que você precisa nesse momento. Seja lá o que aconteceu, não toma para si uma culpa que não é sua, deixe esse peso agora mesmo para trás e passe a caminhar mais leve. Ame a si mesmo antes de qualquer coisa.
O segundo convite é: faça acordos de paz com quem te machucou.
Não há necessidade de ser literal, ou até mesmo “pessoalmente”. Em alguns casos, cogitar algo assim é algo impensável – e com razão. Mas assim como em guerras, quando você faz um acordo de paz – pode ser algo interno seu, você passa a ser livre dessa situação. Agora você não mais se identifica com isso, faz parte da sua “botânica” mas não é mais você.