A meditação, por mais novidade que pareça, já é uma senhorinha com alguns mil anos. Praticada de diversas formas, em diversas culturas e religiões, hoje está no foco dos maiores cientistas e especialistas do mundo.
Desde contribuir para a diminuição dos sintomas da depressão, ansiedade e aumento de foco, chegando até a transformar redes neurais inteiras no cérebro, a meditação parece até algo de ficção científica, não é mesmo? Mas é mais simples do que parece, vamos descobrir tudo sobre ela juntos. Que tal?
O que você vai ler:
O que é meditação?
Para responder essa pergunta, vamos precisar viajar juntos para alguns mil anos atrás! Historiadores não sabem precisar ao certo quem começou a prática de meditação e quando, mas há evidências de esculturas e pinturas com mais de 1500 anos A.C demonstrando pessoas em posições meditativas.
De origem Hindu, a prática da meditação se popularizou na Índia com a ascensão do Budha (Sidarta Gautama) e alguns anos mais tarde, na China, com a meditação Taoísta.
Existem diversos tipos de meditação. Sem dúvida, cada cultura e religião tem a sua forma. Neste artigo não vamos aprofundar muito na parte histórica e todas as suas vertentes, mas sim um ponto de vista mais prático.
“Meditação é uma incrível ferramenta psicológica para conhecer sua própria mente”.
De forma simples, a meditação é uma prática poderosa – e cientificamente comprovada, de conhecer sua própria mente e exercitar o momento presente.
Vivemos em um mundo altamente acelerado e que não estranhamente, é comum vivermos uma vida descolada do momento presente e sem o menor conhecimento dos nossos próprios pensamentos e emoções.
Eckhart Tolle, em seu incrível livro “Despertar de uma nova consciência”, provoca os leitores a refletirem sobre algo muito profundo: estamos realmente vivendo de forma consciente ou estamos dia dia após dia em estado inconsciente, quase que como zumbis no piloto automático?
Podemos entender a meditação (sem a necessidade de criar uma definição fechada) como uma prática eficaz de nos trazer para o momento presente, não ficar remoendo o passado ou vivendo em futuro que de não existe e conhecer melhor nossos próprios pensamentos e emoções.
Se você está começando agora, você pode aprender como começar a meditar em um guia prático que preparamos com muito carinho.
Vantagens da meditação
As vantagens da meditação são inúmeras. Inclusive, a maioria delas já amplamente comprovadas cientificamente.
Estar no momento presente
A primeira vantagem que quem começa a meditar percebe, e abrindo um parêntese aqui, meditação é uma prática, ok? É realmente uma habilidade que se aprimora com o tempo.
No começo pode ser um pouco difícil mas com o tempo, melhora. Retomando, a primeira vantagem de quem começa a meditar é de fato a sensação incrível de paz e tranquilidade que o momento presente proporciona.
Meditar não tem a ver com “esvaziar a mente”, isso é um mito. Meditar tem a ver com colocar sua atenção 100% em um ponto focal (muitas vezes no próprio corpo, sua respiração).
Logo, nos primeiros minutos de meditação de concentração, ou mindfullness meditation, você sentirá uma clareza e paz interior pois não está mais vivendo no passado ou futuro, ou ainda pior, submerso em pensamentos conflitantes e negativos.
Lidar com emoções negativas
Na busca por evoluir espiritualmente e encontrar a felicidade, um dos trabalhos mais importantes é aprender a lidar com emoções negativas.
Aprendemos desde cedo, infelizmente, que “coisas ruins a gente precisa esquecer”. Mas qual o problema nisso? Essa não é a forma como nosso cérebro funciona. Em muitos casos (como em traumas), o nosso cérebro usa mecanismos para “empurrar” pensamentos negativos e emoções negativas para debaixo do tapete.
A meditação é uma ferramenta que auxilia nesse processo de “tornar conhecido”. A querida monja Robina Courtin gosta de dizer que nossa mente é como se fosse uma botânica. Diversas variedades de plantas e algumas (ou muitas) delas nocivas.
Ao olhar a primeira vez para uma grande botânica o primeiro pensamento é (pelo menos no meu caso): – Nossa, quanta coisa e que bagunça.
Da mesma forma, a nossa mente pode se tornar essa bagunça e de certa forma, com plantas nocivas escondidas (muitas vezes de propósito) em lugares escuros. O exercício da meditação nos ajuda a olhar esses pensamentos, torná-los conhecidos e sem julgamento, aprender a viver com eles.
Não precisamos nos identificar com traumas e momentos que nos fizeram mal, porém, é preciso entender que eles estão lá e são parte da nossa construção. Dessa forma, podemos ressignificar essas partes de quem somos e tornar essas plantas nocivas em apenas “plantas”.
Identificar o que é real
Pode parecer estranho pra você, mas tente imaginar quantas vezes você não pensou sobre uma situação de forma totalmente descolada no real?
É, parece bem estranho pensar nisso, mas é uma realidade muito presente.
Nosso cérebro constantemente cria histórias incríveis e totalmente fantasiosas sobre situações que já ocorreram ou que ainda ocorrerão. O budismo costuma chamar de “estado de desilusão”. Quem nunca viveu um desilusão amorosa, não é? Bom, deixa pra lá esse assunto rs.
Ao meditar, você consegue ficar num estado de clareza e consciência que auxilia muito nessa identificação do que realmente é real e o que é uma linda história (ou não tão linda assim) criada pela nossa mente.
Somos especialistas em criar história, by the way.
Sempre que você se ver criando histórias mirabolantes, experimente meditar por alguns minutos, respirar fundo e depois analisar novamente se aquilo realmente é real ou é uma construção da sua própria mente.
Efeitos no cérebro
Agora vamos para a ficção científica, está preparado(a)?
Brincadeiras a parte, a meditação realmente tem sido estudada amplamente pela comunidade científica e por diversos neurocientistas renomados.
Não há mais dúvidas sobre os efeitos positivos da meditação no nosso cérebro, fortalecendo até mesmo uma das maiores descobertas do século: a neuroplasticidade. Ou capacidade do cérebro mudar e criar novas conexões.
Até algumas décadas atrás a comunidade científica acreditava que o cérebro não poderia mudar. Se você acompanha a prática da meditação no ponto de vista do Budismo e/ou Cristianismo você certamente já havia escutado que nada é imutável no ponto de vista espiritual.
Além da neuroplasticidade, foi comprovado uma mudança considerável na capacidade de meditadores em lidar com situações negativas e controlar seu foco, aumentando exponencialmente sua produtividade.
O monge Matthieu Ricard entrou para o Guinness Book como a pessoa mais feliz do mundo. Algo interessante né? Através de ressonância magnética, descobriram que em estado meditativo o monge estava sentindo mais felicidade que uma pessoa tendo um orgasmo.
Diminuição da percepção externa (Tálamo)
O Tálamo, parte do sistema límbico do cérebro, é responsável por trazer a você as atividades sensoriais externas. Ao meditar, colocando o seu foco de atenção em apenas um ponto focal, o giro cingulado entra em ação e diminui consideravelmente a ação do Tálamo, trazendo a quem está meditando uma sensação agradável de descolamento do mundo exterior.
Pela ação diminuída do Tálamo, todas as informações externas chegam um pouco mais devagar, aumentando ainda mais a capacidade de focar naquele ponto focal.
Parece até um super poder! E quem disse que não é. Já imaginou utilizar isso para aumentar a sua produtividade?
Sensação de Infinito (Lobo parietal posterior superior)
O Lobo parietal posterior superior (eita nome difícil) é uma parte do nosso cérebro responsável pela nossa imagem espacial. Ele recebe as informações externas como gravidade, vento, calor e cria no nosso cérebro a “localização” do nosso corpo no ambiente.
Semelhantemente ao Tálamo, quando estamos meditando, o cérebro diminui a ação do lobo parietal posterior superior trazendo uma sensação de estar “além da pele“, como se fossemos parte do universo e não apenas nos limites do nosso corpo.
Meditadores experientes contam experiências inacreditáveis de sensações extra corpóreas e a neurociência hoje é capaz de explicar esses e outros fenômenos analisando qual o comportamento do cérebro durante a prática da meditação.
Você pode ver mais informações sobre os efeitos da meditação no cérebro acessando o vídeo Entenda como a meditação atua no cérebro do Professor Roberto Simões.