As emoções negativas fazem parte do nosso dia a dia. Não entenda mal, não é que nós estamos às procurando, pelo contrário, mas é ingênuo dizer que durante o dia não iremos nos deparar com elas.
Agora, o que nós vamos fazer em relação a isso, esta sim é uma responsabilidade de cada um de nós. Vamos ser dominados por emoções negativas ou com paciência e exercício vamos aprender a lidar com elas?
Neste artigo vamos passear juntos pelo ponto de vista budista a respeito das emoções negativas e impacto que elas têm sobre a nossa vida. Utilizando como base uma palestra da monge Robina Courtin, vamos pensar juntos sobre alguns conceitos muito reveladores.
Você pode assistir o vídeo enquanto lê o texto, tenho certeza que será ainda melhor para o seu aprendizado. Para facilitar, vamos colocar os “tempos” do vídeo, durante o artigo.
O que você vai ler:
1. Identificando as emoções negativas
Bem no início do vídeo, aos 03:00’ mais ou menos, A monge Robina começa a palestra com uma afirmação polêmica: seja o seu próprio terapeuta.
É claro, ao decorrer do vídeo, ela explicará que de forma alguma a ideia proposta é de tirar a importância de ter ajuda profissional. Mas sim, desenvolver esse hábito de se auto-analisar.
E juntamente com essa afirmação polêmica, ela já sugere outra:
“Deixe de lado a abordagem religiosa, o meu convite é te ensinar a sua uma técnica mental incrível”
No ponto de vista da monge Robina, nós precisamos tomar as rédeas da nossa vida e ao identificarmos as nossas próprias emoções negativas, nos responsabilizamos por elas.
“Não somos apenas um resultado dos nossos pais”.
Aos 6:40’, Robina começa a listar algumas emoções negativas:
Após identificarmos essas emoções em nós mesmos, o convite que ela nos faz é de olhar para essa lista com amor próprio, em primeiro lugar.
Em segundo lugar, começarmos a criar responsabilidade por essas emoções. Aprendemos, desde muito cedo, que se nos sentimos mal é porque alguém nos fez algo mal.
“Para mudar, você primeiro precisa identificar”.
Essa criação de responsabilidade não é negar o exterior (alguém me fez algo ruim, tudo bem). Mas sim, entender que aquele ato externo ruim é responsabilidade de quem o fez, a sua responsabilidade é lidar com a emoção que isso gera em você.
Aos 10:30’, Robina expõe o ponto de vista budista ao dizer que não é um convite para não conhecer as condições (minha mãe fez isso, meu pai fez aquilo), mas sim um convite para examinar os pensamentos e emoções da forma que eles são.
Ao analisar essas emoções, ter a coragem de olhar profundamente para o seu processo de criação. Desembrulhar cada emoção, entender o seu processo de pensamentos elaborados e após isso, entender como podemos mudá-los, ressignificá-los.
“Nós podemos mudar, não estamos presos a quem somos”.
2. Estado de desilusão
Aos 15:12’, Robina apresenta o conceito de desilusão.
“Essas emoções negativas causam um efeito de nos levar a um estado de desilusão”.
Mas o que é essa desilusão? O que isso significa?
É exatamente o que você pensou. Quando estamos sendo regidos por emoções negativas, é como se estivéssemos vivendo um delírio. Estamos fora da realidade.
Uma das formas mais simples de entender o estado de desilusão é quando estamos muito apegados a alguma coisa. Pode ser um bolo de chocolate, uma paixão arrebatadora.
Pense comigo, o que nos leva a criar essa obsessão tão grande? Normalmente são necessidades de aceitação, vazios internos e até mesmo medo que nos fazem criar ilusões altamente elaboradas sobre ter algo.
Outro exemplo, durante uma briga, quando estamos envoltos por raiva, é normal criarmos pensamentos e percepções que não fazem nenhum sentido e estão deslocados da realidade.
No dia seguinte, sentimos aquele “nossa, de onde vieram esses pensamentos?”.
Não é difícil ver e acreditar que quando estamos cheios de emoções negativas, estamos fora da realidade. Então, como lidar com essas emoções negativas e sair desse estado de desilusão?
3. Saindo do estado de desilusão
Um dos princípios do budismo, seguindo a explanação da monge Robina, do meio até o final do vídeo, é entender o que realmente é real (similar até, talvez, ao conceito de real de Lacan).
Ao identificarmos nossas emoções negativas, desembrulhamos elas e com coragem, buscarmos as suas origens, começamos assim um processo de saída do estado de desilusão.
Faça um experimento prático, quando os pensamentos e emoções negativas começarem a crescer dentro de você, pare por alguns segundos, respire fundo e tente enxergar o processo cognitivo das suas emoções, enquanto elas nascem.
Nesse momento, é provável que você já comece a sair do estado de desilusão e fantasias e volte seus pés para o chão, para o real.
“A bondade está lá, no núcleo do nosso ser”.
Repita esse exercício sempre que necessário. Uma forma de ajudar você a respirar fundo e, gentilmente, trocar o foco da situação ruim (pode ser uma situação de medo, ansiedade, briga com alguém) é praticar periodicamente a meditação de concentração.
Se você não sabe bem o que é meditação, vá aos poucos, um passo por vez. Mas acredite, essa prática lhe ajudará em muito a lidar com as emoções negativas.